1 de abril de 2014

E DEU DONS AOS HOMENS



E DEU DONS AOS HOMENS

                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Dentre as insondáveis riquezas espirituais que Deus colocou à disposição da sua Igreja na terra, destacam-se os dons sobrenaturais do Espírito San­to, apresentados pelo apóstolo Paulo, em sua pri­meira epístola aos Coríntios, como agentes de po­der e de vitória desta mesma Igreja.

A Igreja é um organismo vivo, um fenômeno sobrenatural cujas origens estão no Céu. Como tal, ela possui uma responsabilidade igualmente sobre­natural, pelo que carece da operação sobrenatural do Espírito do Deus vivo. Foi por isso que Jesus, após sentar-se à direita do Pai, enviou o Espírito Santo como agente capacitador da Igreja, para le­vá-la a cumprir a sua missão no mundo: At 2.33.

Devemos ter sempre em mente que o próprio Cristo não exerceu o seu ministério na sua própria força, mas na força do Espírito Santo: Lc 4.18,19.

Os apóstolos, igualmente, a exemplo do seu Mes­tre, também levaram a cabo o seu próprio ministé­rio na força e poder do Espírito Santo. Todas as de­cisões da igreja primitiva partiam sempre do se­guinte princípio: “... pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...", At 15.28.  Qual tem sido o erro de muitas das nossas igre­jas hoje, senão o de negligenciar o ministério sobe­rano, poderoso e determinante do Espírito Santo? Essas igrejas, ignorantes das grandes possibilida­des do Espírito Santo, condenam milagres sem processo, desprezam profecias sem consulta e ignoram  a revelação sem a mínima razão. Como diz a Bíblia Sagrada: “... falando mal daquilo em que são igno­rantes...", 2 Pe 2.12. Esquecem-se de que há quase dois mil anos, Jesus prometeu, de maneira categórica, que o Espírito Santo estaria conosco e nos  guiaria a toda a verdade: Jo 16.13.

A igreja dos dias hodiernos jamais será uma igreja de visão de alcance novitestamentário, senão por meios novitestamentários.

As grandes conquistas da igreja dos primeiros cem anos da era atual, não foram alcançadas como o resultado de métodos e recursos teológicos empre­gados pelos apóstolos. Foram, sim, o resultado con­creto da operação sobrenatural do Espírito Santo na vida dos convertidos. O Espírito Santo foi o grande estrategista e comandante das conquistas realizadas. Onde quer que um crente fosse, aí ia a Igreja do Deus vivo, a caixa ressonante do Espírito.

Onde quer que o Espírito Santo fosse derrama­do, os doentes eram curados; revelações, profecias, línguas e interpretação eram vistas e ouvidas. Os dons do Espírito Santo eram a combustão que punha em ação a dinâmica máquina da Grande Co­missão.

A Igreja de Cristo da nossa geração possui uma responsabilidade apostólica, e, para cumpri-la, ne­cessita dos grandes recursos espirituais, que são os dons do Espírito Santo.
O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre os dons Espirituais e Ministeriais. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I.         OS DONS DE SERVIÇO, ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS

Paulo, em 1 Co 12.1, nos recomenda que procuremos com zelo os dons espirituais. Às vezes, para o crente, não é claro, qual dom, o Espírito lhe concedeu. Relembramos que os dons espirituais são capacitações concedidas pelo Espírito Santo aos crentes para edificação da igreja (Ef 4.12). Assim, é preciso que o crente crie em sua vida as condições necessárias para que o Espírito lhe revele sua vontade. Ser crente é ter-se arrependido dos pecados e confiar em Jesus como seu único e eterno Salvador. É a conversão. Esta é a condição inicial sem a qual o Dom não inicia sua obra.

A participação ativa no corpo de Cristo, a igreja, é a conseqüência natural. O crente que agir assim, estará interagindo com a igreja e será conduzido pelo espírito para a sua vocação. Humildade, mansidão e longanimidade, são os outros ingredientes indispensáveis na vida do cristão que quer descobrir os seus dons (Ef 4.1-3).

Após a identificação de um ou mais dons na nossa vida, a nossa tarefa não pára aí. Temos de permitir sua operação e procurar crescer neles (1 Co 14.1). Para exercermos bem os carismas que o Espírito nos concedeu, devemos nos capacitar espiritual e materialmente. A capacitação espiritual deve ser contínua, firme e constante (1Co 15.58). Para nos mantermos animados nesta tarefa de nos capacitarmos, lembremos que o próprio Espírito nos disporá os meios. Precisamos também estar vigilantes ao pecado contra o Espírito, para não entristecê-lo (Ef 4.30-31), resisti-lo (At 7.51) e extingui-lo (1Ts 5.19). O orgulho também estará sempre procurando nos levar ao pecado (Ef 4.2). Um bom remédio para este mal é lembrarmos sempre que fomos escolhidos por Deus para prestarmos serviço para outros e não para nós mesmos e que precisamos de nossos irmãos.

Os dons espirituais estão listados em textos bíblicos diversos. Romanos 12, 1Coríntios 12 e Efésios 4.11 são as principais listas. Em Rm 12.4, 1Co 12.12 e Ef 4.4-6 Paulo destaca que os vários dons são como membros, mas todos de um só corpo. Isto nos chama a atenção para a necessidade dos dons operarem em conjunto e em harmonia uns com os outros e não independentemente e em divergência. Em Romanos 12.6-8, estão listados sete dons: profecia, ministério, ensino, exortação, repartir, liderança e misericórdia. Este texto mostra uma característica para cada dom. Em 1Coríntios 12.8-10, 28-30, temos os dons: palavra de sabedoria, palavra de ciência, fé, cura, operação de milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas, interpretação de línguas, apóstolos, profetas, mestres, milagres, cura, socorros, governos, e variedade de línguas.

Em Efésios 4.11 temos: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores. Podemos notar que em algumas listas não estão citados todos os dons e que outros são repetidos. Há uma divergência na quantificação dos dons, mas creio ser mais importante saber que o Espírito de Deus provê para sua igreja os dons necessários. Podemos notar no estudo dos dons, alguns fundamentos que Deus procura nos ensinar. Há diversidade dos dons cada um para uma finalidade (1Co 12.4-6). Os dons são concedidos para ter utilidade (1Co 12.7). O dom não é para satisfazer apenas o desejo de um crente. É o Espírito Santo quem concede o dom a quem ele quer. Não é o crente que decide o dom que deseja exercer. Para a igreja há dons considerados de maior importância como apóstolos, profetas, doutores (1Co 12.28, 31) Não é o crente que deve se achar mais importante porque exercita dons considerados de maior valor. Isto é orgulho. A edificação da igreja precisa ser o objetivo de todos os dons (1Co 14.26).

II.      ADMINISTRAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

Dons espirituais são capacitações que o Espírito Santo concede aos crentes de acordo com a graça de Deus para serem usados na edificação da Igreja, o corpo de Cristo (Rm 12.6;1Co 12.7, 11; Ef 4.11-13). Assim como no corpo, cada membro tem função, o Espírito de Deus prepara cada um dos membros do Corpo de Cristo para uma função diferente. As capacitações são complementares e permitem uma sinergia espiritual na edificação da Igreja. Os dons são concedidos aos crentes em Cristo pelo Espírito. Não é o crente quem decide qual dom vai escolher para atuar no Reino de Deus. Isto às vezes acontece, mas certamente, se não coincidir com a vontade do Espírito, não trará alegria ao seu coração tentando usar um dom que Deus não lhe atribuiu. Deus chama todos os crentes para a sua obra. Cada um tem alguma tarefa que pode desenvolver no Reino. Não há o que justifique a inatividade. Ninguém terá desculpa que justifique o não fazer nada. Teremos de prestar contas dos dons e talentos que Deus nos atribui. Os dons espirituais nos são outorgados pela graça de Deus, não temos de comprá-los.

Deus providencia nossa capacitação. Temos apenas de nos tornar disponíveis para sua obra. Como vimos, os dons espirituais são habilidades, capacitações, concedidas aos crentes, pelo Espírito Santo, de acordo com a graça de Deus, para uso na edificação da igreja. Observe que é diferente de dom do Espírito. O “dom” do Espírito Santo é a doação, pela graça de Deus, do seu próprio Espírito para os homens, que pelo arrependimento dos seus pecados, e colocação de sua fé em Jesus Cristo, assim se tornam uma nova criatura. O Dom do Espírito ocorre no momento inicial em que um incrédulo se torna crente em Jesus. O dom nos coloca como filhos de Deus, salvos e selados para sempre (Ef 4.30). 

Os dons nos colocam numa posição funcional dentro do corpo de Cristo para servi-lo (1Co 12.18-20).

Alguns crentes, por acharem que ainda não descobriram o seu dom, tendem para uma posição de comodismo, falta de compromisso ou de desobediência. Esta atitude não se justifica, pois Deus chamou a todos para a sua seara. 

Há funções no reino que são atribuídas a todos, e ao menos a essas, todos nós estamos obrigados. Testemunhar é uma delas. “E ser minhas testemunhas...” (At 1.8), é a ordem de Jesus para todos os crentes. Não há desculpa possível. Pode-se não ter o dom de apóstolo, profeta, evangelista, pastor, mas de testemunha é inseparável do crente. Contribuir financeiramente para o sustento da causa é outra função a que todos os crentes estão convocados mesmo que não tenham o dom da liberalidade (Rm 12.8). A como confiança extraordinária no poder de Deus para realizar maravilhas na sua obra pode não ocorrer para todos os crentes, mas a fé que nos concede a salvação e que nos faz aceitar as verdades e maravilhas operadas por Deus e registradas na sua palavra como está em Hebreus 11.1-3, esta é uma concessão do Espírito Santo e é concedida a todos os crentes porque “Sem fé é impossível agradar a Deus.” (Hb 11.6).

Para exemplificarmos o bom uso dos dons espirituais poderíamos ler todo o capítulo 11 do livro de Hebreus. Ali se encontra uma síntese dos principais personagens bíblicos que exercitaram o dom da fé como Abraão, Enoque, Noé, Moisés e outros. Como exemplo do dom de presidir (Rm 12.8), escolhemos Neemias, que assumiu a tarefa de reorientar o povo de Deus, num momento de grande aflição e opróbrio, tendo reconstruído os muros de Jerusalém e levado o povo ao reavivamento espiritual (Nm 1.2-3; 8.1- 18). O apóstolo João é o exemplo do dom de misericórdia (Rm 12.8). João é conhecido como o apóstolo do amor por se distinguir pela sua linguagem amorosa nos seus escritos. Junto com Pedro fez parte do círculo íntimo de Jesus. Sua mensagem é um constante convite ao amor recíproco (1Jo 3.11). Lucas, embora não tivesse participado diretamente dos ensinos de Jesus, é o escolhido para ilustrar o dom do ensino (Rm 12.7) pela sua preocupação de só transmitir a verdade (Lc 1.3-4). No evangelho que escreveu, se preocupa em indicar sua fundamentação nas profecias existentes no Velho Testamento. Manteve-se na obra auxiliando os apóstolos e no livro de Atos registrou os mais importantes acontecimentos no início da propagação do evangelho. Paulo exercia vários dons como apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre. Mas é usando o dom de exortar que muito impulsionou a causa. Chegou a citar-se como exemplo (Cl 1.28), comparou os coríntios a bebês espirituais (1 Co 3.1), mas tudo isso com o nobre objetivo de levar as pessoas a se salvarem (1Co 9.22). A Timóteo, seu discípulo amado, procurou animá-lo para enfrentar as várias provações (1Tm 6.11-16).

Qual o caminho a seguir para se chegar aos dons e exercê-los? A palavra de Deus nos dá todos os esclarecimentos necessários. Precisamos nos dispor a ouvi-la e obedecer à vontade de Deus. Coloque-se diante de Deus em oração e esteja receptivo ao que Deus lhe propuser. Tente praticar. É experimentando que você poderá sentir se Deus está abençoando a sua obra e se a alegria acontece como conseqüência. Procure se instruir melhor a respeito do dom que você está sendo levado a exercer. Há necessidade de preparação para que a tua obra seja feita da melhor forma.

Repita a experiência e avalie os resultados. Aproveite as boas avaliações dos irmãos como sendo um sinal de aprovação divino. Não se desanime com as palavras que não edificam. Lembre-se que há muitos para criticar, mas poucos para ajudar. Se o seu propósito é sincero certamente o Espírito Santo vai revelar a você o seu dom. 

Há uma relação grande de dons, mas o maior deles é o dom do amor. O capítulo 13 de Romanos comprova isto. O amor de Deus é a prova disto. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16).

CONCLUSÃO

Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.



                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR